sábado, 25 de fevereiro de 2012

Persiste

Ando por que talho eperanças que sempre fogem da minha mão.
É como um rio que foge da mesma estadia,
e deságua em qualquer outro horizonte.

Envelhece o ar o mesmo percurso,
o mesmo percurso em que sois solidão,
estribilho e lembranças.
Caminhos amarelos são caminhos que não perecem,
fincam e a cada passo prevalece nostálgicas pinturas.

Colapso, ruptura!
Se eu pudesse corromper-me os olhos a outras visões...
Mas ainda sinto o cheiro de tinta e alecrim do teu quarto
e as ruas cantarem sozinhas sorrisos teus.

Convulsão que não para. As ruas não morrem.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Ausência

Ausência,
fonte inóspita,
caos irredutível.
Brandura nada crua,
fazedora de formidáveis espessuras no cerébro.

Passos curtos,
águas límpidas tomando os pés.
Parecem lençóis de seda permeando o espírito à candura
Mas sabeis do bem que fazem,
mesmo quando importunam areias nos dedos.

Descordância, desencontro,
ausência fútil.
Soltar-se ao ar na ribanceira não é tão fácil.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Minhas canções são assim: Inacabadas, despedaçadas e mastigadas. Resignadas ao silêncio assustador de se condensar ao nada, esvoaçando feito folhas e sobrevivendo à agonia do ser errante.
Jazer a fibra, energizar o pulso. Esperança mal feita que brota dos dentes e sai rasgando a alma. Acreditar nas águas que imunes de ardor fluem como caminhos massivos. Sonhos inacabáveis de seda.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

- Às vezes gostaria de saber o que tanto pensas. O que reflete dentro de ti, quando os outros conversam e teus olhos procuram outros ares. O que há na realidade de mais concreto dentro de ti, enquanto não sondas o teu espaço, mas os demais, a amplitude, o véu dilacerado da cegueira em que tu não te instalas. Teus olhos são duas armas. Amigas de ti mesmo. Não há consolo, eu sei bem quem tu és, mesmo quando não me dizes.
(Silêncio)

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Cíclico

Lírios, versos planos e soltos,
amarelidão das  páginas roçadas de perfume.
Um livro posto à mesa, convulsivo e magro. Um sonho colorido de seda,
embalsando as eras.
Tragar da fonte a esperança do nascer do sol firme,
e se dissolver precisamente em suas veias.
Amar o tempo e a rigidez de seu momento,
e lapidar turvos olhos.
De cansaço.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

- Apenas um cacto flutuando no meio do silêncio. Náuseas, ribanceiras e os membros fantasmas dissolvendo-se na tarde disfórmica.
Mais uma vez a cor das nuvens fumegantes traga a face e a comprime.
Veias e nervos sobre a mesa,
brancura dissonante e insolúvel
seus dois olhos fúteis.
Prêmencia ao caos.
Essas tardes fumegantes de flores gorjeiam nas narinas densos perfumes,
alinhamento de desgaste, pus, nervos.
Perecendo corolas cansadas consumidas de vida.