quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Um amor, um amigo. Meu grande menino!

Grande amigo, você
O sol batendo forte no rosto meu, enquanto essa gente corre feito louca de um canto ao outro. Sabe-se lá para onde estão indo. Os olhos descobertos, inflamados, intactos. Que inércia! A roda do mundo anda girando tão rápida. Eu e você transeunte de paixão, morrendo de sede no flagelo do mundo. Podemos sonhar feitos dois meninos, como sempre foi, para que num abraço afável nos irradie um sorriso. Nós somos grandes irmãos na alma e no amor.
Tem dias que o barulho do ar ressurge tão mais pesado, e o estouro da voz de ambos ameniza a superfície do escuro.  A gente poderia condensar-se na mágoa passada, quando nos jogamos pedras, e a solidão reinou entre nós como duas almas perdidas. Porque tu sabes, todos aqueles segredos tão mal contados, as falhas, os grandes amores... Tudo o que tu sabes sobre mim, esta sou. E se o mundo parasse desordenado e nós fossemos embora mais uma vez, a delicadeza da flor quando nós olhamos seria uma mera fonte de amor acabado. Meu irmão, eu formaria os versos mais rudes e infelizes. Porque tu sabes... Todos aqueles segredos mal contados, as falhas, os grandes amores, as tardes quentes e manhãs silenciosas, toda a luta perdurando sob as nossas cabeças. E se perdermos?! Perdemos a causa.  E o sabor amargo daquela derrota... Felizmente nos fez mais unidos que nunca. E embora o tempo tenha sido tão rude contigo, teu sorriso nunca mudou. E vê-lo surgir desta vez maior, recai-me a segurança, feito um vento sereno de setembro, vento afável e demorado, tão angustiante de esperá-lo passar.  Porque tu sabes... Um dia vai passar, todas essas feridas secas, este singelo sonho que não passa. A gente é que sabe, rondando assim pelo mundo, feito duas crianças que vivem na infância quando juntos, sorrindo feitos doentes, caindo de amores por alguém – que só a gente sabe. Se eu pudesse dizer alguma coisa, não diria muito coisa, porque você sabe... Sou um silêncio ambíguo, na realidade, mas prometo que este estouro em nosso peito vai passar, como todas as vezes passou, e amanhã vou retrucar, cantar, pular estonteante , e dizer o quanto te amo, seu merda!


 I Still Love You - Kiss
Inevitavelmente o rosto estampada daquela época boa, Prey.

sábado, 24 de setembro de 2011

Carta às Tuas Aflições

A gente passou a noite ouvindo Legião Urbana, e todo mundo comentando como é a tua cara. Disse a ela pra não misturar as bebidas. Mas tu sabes... Acho que a culpa perdurou ali, naquele momento. Vomitou o sofá todo do Joãozito. O que vi, meu bem, gostaria de devolver às estrelas esta visão. A festa acabou logo depois, todo mundo percebeu o entusiasmo desastroso dela, coitada... Dei-lhe um beijo na face e voltei pra casa, bem sóbrio. Parece-me que ela dormiu na casa do João, e o que dela já conheço há tempos, deve ter chorado a noite inteira, culpando-se tu sabes por que.  E bem que lembrei de Quintana, entre um verso e outro:
“Quiseste expor teu coração a nu.
E assim, ouvi-lhe todo o amor alheio.
Ah, pobre amigo, nunca saibas tu
Como é ridículo o amor... alheio!”

Essas canções que tu conheces bem. Nem sei por que a verdade exposta dos fatos assim pra ti, mas a preocupação me tomou. Esses estágios avançados de amor... Eu sei, também, que tu sabes. Ela não está bem e nem a de ficar tão cedo. A barbárie de dissimular um sorriso, em meio do ar tragado de fumaça suja, mas que aspirava flores. As flores, tu sabes, tem cheiro de morte, de efêmero e lancinante. Efêmero, porém, somente as flores e os sorrisos discretos de vocês. Mas quando ela me diz, com um ar sarcástico, que não sofre, clamando um abraço apertado, não fala direito. A voz treme feito seu corpo em uma noite dessas de tempestade, quando a fiz companhia. Chorou feito criança. Fiquei pensando com meus botões, sem dormir, afagando seus cabelos... A gente destrói tantas coisas das quais se ama, sem pensar, sem crer que na realidade se tem mesmo é medo da felicidade, da bondade de alguém. E então aquilo acontece. A noite inteira de tempestade chorando... Culpada.

A gente sente saudades tremendas de ti, de correr no jardim, de brincar com os cachorros. Não esquece. E compreendo, definitivamente, sua tão necessitada distância nesses tempos.

Te amo muito, assim sem noção e com exagero, do teu menino e amigo Renato.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Quem mais sufocaria -me neste desalento inacabado, apaziguado pelos moldes das palmas de tuas mãos, enlaçadas num sorriso? Até onde andarão as curvas da estrada que me segues? E onde acabarão os trêmulos instantes de aflição, que entre uma epifania e outra, o ar revela insignificante?

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Improviso

Acordei dentro da noite, a saudade combinada com teus olhos, e a pequena lucidez dissipando no ar. Pensei que você fosse dizer algo. Disse, foi embora, voltou, sorriu da gente. Ficou. Agora ficou, como o aroma das rosas encantando o jardim dos homens, com um medo absurdo da vida, do erro, do exagerado. Você sabe bem quando as coisas estão na pior, ou quando eu posso melhorar. Você sempre soube mais de mim do que eu mesmo, e nesta rota da vida que a gente se mira, o mundo brinca de amar, de corações vagabundos, estatelando nossas faces. O medo do nada, do tudo, do silêncio. O medo do tempo, que sempre brincou com a gente.
Sabe-se lá quando é que a ventania vai penetrar no confuso encanto que se toma, nem mesmo se o jeito belo de você enxergar o que me há, vai se condensar em alguma lápide. Nunca saberemos do futuro ar que poderá assolar a beira da praia. Tem dias que ele chega mais calmo, outros mais arredio, ou ainda apreensivo. Tem dias que ando contigo, segurando teu ser nas duas mãos, com medo de tu te quebrares. Outros a minha viagem é bem mundana, coração de todo mundo. E só. Tu sempre soubes que a base de viver foi sempre o amor declarado e vívido de mim para com as pessoas.

sábado, 10 de setembro de 2011

Não vai tão longe. Fica, Infante.

A cada dia me despeço de ti como me despeço das brandas ondas, que pairam na beira da praia, molhando os pés de um modo inevitavelmente delicado. E nesse trajeto preciso que deságua vez aqui, vez ali, tu vais, sem se desprender dos meus dedos, laços, sorrisos e corpo. E imóvel nós vamos, ficamos. Eu fico, tu vais, ou tu ficas e eu vou. E o mundo caprichoso por demais, impõe e calibra (graças a Deus) teus olhos nos meus, e é assim mesmo que vamos em meio à perdição de nos ser.
A cada dia me despeço de ti, pequeno e imóvel ser, que chora sob as pequenas coisas. E sorrir ao desabrochar da flor no meio da madrugada. Eu fico, somente para te ver ressurgir em meio à alvorada, logrando no âmbito azul das horas. E o teu nome fica, dentro do meu mais ameno hoje.  E nesse trajeto preciso que deságua vez aqui, vez ali, tu vais, sem se desprender dos meus dedos, laços, sorrisos e corpo. E imóvel nós vamos, ficamos. Eu fico, tu vais, ou tu ficas e eu vou. Meu presente move-se à vida remota, e move com tremenda textura colorida meu ser póstumo.
 
- Que hei de ser sem ti, bela criança? À noite o trajeto move as estrelas sem pena, e aniquila os sonhos dos astros. Fica mais um pouco, e toca no meu peito como outrora.

Quem sabe inacabado.

Dedico à Marcela Rayane.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Súplica Contida

Nada adormece nesta cidade.
Entre uma porta e outra,
um chamado,
um infortúnio,
um amor condensado dentro da espera,
um grito rude,
um corte aberto.

A noite incendeia,
pede calma.

E chora.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Última Mentira

O ronco barulhento da tua voz,
esmurecendo a cada passo,
formando bolhas azuis no espaço.
E acabando por mover os olhos nus,
entre as sobrancelhas ásperas,
já ascendendo, na garganta, o último pigarro.

A ação dos outros te assolou?
Tua identidade corrompou-te,
entre o máximo do mundo
e o pequeno refúgio no teu sorriso.