segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

No Mar



Já pensei muitas vezes em me largar pelo mar, 
estonteante curso conduzido de outras vidas,
entre fluídos e convulsivos sulcos marítimos,
falho cálice embebido de seda e embriaguez. 

Já pensei muitas vezes em me largar pelo mar,
sucumbir à relva clara dos olhos de d-us,
e perante a clarividência azul das mãos,
saciar-me sob tal coisa. 

Já pensei muitas vezes em me largar pelo mar, 
este eco de vidas muitas
soltas e plenas,
quem me dera colhê-las à palma e num feixe de olhos abertos
conduzirem-me n’água. 

Foi-me a fé,
a real harmonia das eras foi-se.
Batem-me aos dedos o cheiro marujo,
chamam-me vidas.
Colhem-se vidas. 

Os homens se vão fincando à mesa,
terra estática de ninguém. 

No mar,
o mundo abre a alma
divina e clara. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Estejam à vontade para comentar