quarta-feira, 15 de junho de 2011

Não ande, corra. Não corra, ande. Não viva, viva sim.

Não é verdade quando dizes que aproveitas a vida pela máxima exaltação que dela fazes. Aproveitas por que há beleza nela, proferindo cada momento? Não, aproveitas a vida por medo de perdê-la breve e desatinada, num estorvo que te faça romper o caminho. É dessa forma então que moldas de costume a linha que deverás traçar nos moldes da vida, breve vida. E não me parece estranho que este efeito seja de natureza tão levemente humana. O mundo é mesmo bão, Sebastião? Ou será que este silêncio que exalta em nosso peito é apenas uma escárnio do vento?
O amanhã é apenas um tempo que não se sabe, movido pelo interior de nós mesmos de sempre vê-lo, e fazê-lo um presente aos nossos olhos. Mas temos medo, medo de não traçá-la, a linha, nos nossos moldes de vida. O medo é a angústia, permeada de um caos absluto que instala, por não saber de que maneira se deve ir, chegar ou dizer. Escolher. O futuro é aqui, agora, já estás traçando-o, já estás discernindo o caminho que virá. Ou pelos menos estás a se atrever. Vive-se a vida com medo de terminar o ar. Vive-se o presente e o futuro do mesmo modo, aproveitando-se os dois, e o último com todo o medo possível de não avistá-lo.
Eis que o mundo nos ressurge pequeninos, diante do frágil paradigma que existe, diante da possibilidade da infinitude que se perde a cada passo da vida. Acolha-se e não viva mais o que deves viver, nesta rotina crua que amofina os olhos presentes e difunde poesias futuras. A poesia é o tempo infinito, é o sentimento mais lucrativo, prazeroso. Efêmera e Eterna. Tu és também, já que és matéria dela.


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