sábado, 8 de outubro de 2011

Transtornar-se

A morte de Chatterton, 1856, por Henry Wallis.
Por que julgas, meu caro?
Se a fome há tempos recobria seu coração,
dentro de um ar, daquele ar ferozmente inabitável.

É como se um feixe de luz transparecesse sua alma,
e fosse já dia em seu túmulo,
perto ali de uma aurora silente e leve.

Por que julgas, meu caro?
Quando o ar dissimula uma escuridão em seu peito,
quando a sede da fonte benevolente já não mais existe.

Uma turva sensação rápida perpassa sua agonia,
nada mais existe.
Além do ser, nada mais.
Seu rosto fora condensado às estrelas maiores,
e hoje segue o curso cósmico dos Astros.

2 comentários:

  1. Senti como se você estivesse em meus pensamentos.

    Magnífico!!!

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  2. A imagem falou muito por esse texto e essa janela aberta me deixou mega aflita!
    Mas depois fiquei pensando...
    Um pouco de carinho às vezes é a cura de todos os males.

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