terça-feira, 3 de abril de 2012

Elevar-se em Vôo

Vou cantar-me uma elegia, um caos branco e fúnebre,
uma oração que disponha os olhos do meu bem num sonho,
e um silêncio que o embale para todo o sempre, amém.
Cantar-me-ei um convulsivo estado de insensatez,
um feitiço vaidoso a perdurar minha face no teu lúgubre inserir de glória!
E hão de perecer nossas nuas almas em longínquas sintonias,
em traços eternos de distâncias efêmeras.
Tu não vais sair deste hospício!
Ficarei girando nas estrelas as cruezas dos teus dedos amáveis.

Vou cantar-me um final de prosa, um caos branco e elevado,
uma lira dos vinte anos ausentando-me em Álvares de Azevedo,
um encontro com os deuses Tânato e Hades:
O jovem Chatterton belo e jovem em sepulcro,
ventos a lhe tocar a face com doçura e arrancar-lhe os olhos
com maldade.
Cantar-me-ei na loucura dos mundos um olhar afável
de quem não se vê conquistar o rude e insano esvoaçar de areias.
E assim saberão das motivações que o mundo lhes dão:

Corpo, alma e solidão.

2 comentários:

  1. Não consegui me desfazer de um trovador cantando esses versos em elegia, com nuvens baixas e coisas assim.
    E cedo, como sempre, aos superlativos mas digo-lhe com toda sinceridade: Belíssimo.

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  2. pequena, esse é um dos mais incríveis e intensos!

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