domingo, 6 de maio de 2012

Eterna Estadia

Pois nem sabeis se a clemência que tomas é deveras tua.
Nem mesmo Deus sabe de que essência foi gerado,
mas convicta estadia tem do colosso ar caótico que criou.
Quem revelou o tempo, revelou também a febre de seu itinerário,
e como alguém que não se revela Supremo, mas Sensato, fluindo sobre as horas seu contorno,
discorre:
- Deixai-vos renascer a cada época, que é justa a sobrevivência da vida que lhes reservo. Não lhes doei pedaços de estrelas nos dedos para perecerem obscuros de si mesmos.
Porque sois a premência deste ser,
o arcabouço, a candura e a fúria humana,
a cada passo vestindo-se cansada.
Porque, cansado que sois, temes a verdade absoluta que enfada.

Não fostes criado tu, dos Cosmos, do ventre de Deus tão leal,
para se abortar em plena áurea que te foi reservada.
O berço dos anjos, do qual não conheces, caçoa
do vigor que sois no silêncio das eras terrestres,
mas se entristece do abandono que fazes de sua liberdade.
Mesmo quando ecoam os poetas que estar sob sua fonte é ser cativo, o cativo dos fados, do bem e do amor. Mas se ages sob estes, sois pedaços destes, cativos então de sua própria liberdade em essência.
Ela é nada mais que sua fonte propícia às dádivas de Deus,
já que ele produz nos teus olhos a luz dos astros para que enxergues como o astuto dom de ser tu mesmo.

Doente estão os movimentos dos ventos,
contornam-se nefastos,
- eu não vaguei no teu movimento estelar para
ter com o mundo meu contágio infame,
nasci com as estrelas em excesso ao meu lado
e com vagas sensações de uma insistente força
para a evolução constante do espírito. O tempo é infinito, como o ser.

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