sábado, 29 de outubro de 2011

Vai, Vives.

O Sono (1937) - Salvador Dali.
Ainda havia flores no ventre central da casa. E toda aquela áurea iluminada nos teus pés. Talvez fosse um anjo, ou um infante sorrindo a toda aquela gente, deitando-se na cama toda feita de lençóis azuis. As mãos atadas no átrio, entre uma imagem e outra: anjo, infante, tu mesmo. As mãos atadas no átrio, as janelas formavam-te nada mais que um semblante indiferente, propício ao sono. E perguntavas em uma entonação tão leve se a realidade era aquela mesma, ao constatar que bolhas surgiam em seu cérebro feito doces poesias em manhãs cantadas.
Ainda havia flores na cadeira em que estavas sentado, e nem parece que foi ontem a última passagem do rio pela tua sombra tão amargurada. Ares de lavanda teu quarto, não conversavas fazia tempo com ela, não é? Não comprimas teu rosto, deita-te nas flores acabáveis. Elas hão de te levar às sintonias dos orbes maiores. Como uma pequena poeira a condensar-se no espaço, ao encontro da misteriosa crença que nos eleva o ser.

Para Thais (Kika). Tu vais entender.

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